"Quando ele fez meu corpo eu me senti vivo. Ele encheu a minha existência de poder. Tive o privilégio de ser o primeiro, e de sentar no seu cavalo. Ganhei a sua espada, e herdei o seu trono. Fui o segundo no seu reino, e além de mim nenhum filho seria mais forte do que eu. No entanto ele queria aumentar o número de filhos, e nisso formou os meus irmãos e companheiros. Os anjos de nossa cidade. Antes da formação de meus irmãos, pude observar a arquitetura do meu pai"
"Há muito tempo atrás
existiu um mistério. Um segredo guardado nas entranhas de Deus. Nas estradas de
Onion, num mundo profundo e cheio de enigmas, fui levado em espírito às moradas
da vida. Além da minha mente, decifrei a minha alma, e o desenho de sua
tonalidade. Eis que vi uma cidade posta à frente. Nela não havia ruas, praças, nem
movimentação de nada. Como um paraíso branco, a perfeição de sua forma não era
capaz de ser descrita. Senti que ali era o invisível. Mais pensei comigo, por
que minha visão não seria suficiente para apreciar os detalhes daquele código
secreto? Não vi o meu corpo, não senti as minhas pernas, mais senti que estava
flutuando sobre algo leve como as penas de um anjo."
"Quando
ele falava essas palavras senti que o meu mundo nascia. Eu era o filho do seu
filho, as entranhas de seu projeto. Eu o vi estendendo as mãos para mim, e aos
poucos desenhava o meu corpo com delicadeza. Eu senti as suas mãos me
modelando. Pela primeira vez como um espelho eu vi o meu rosto. Não conseguia
entender por que eu era seu aluno, se era sua sabedoria, por que não poderia
ver o rosto do meu pai? Não tinha o privilégio de vê-lo na sua forma física,
por que diante de mim, eu observava apenas as suas mãos cobertas de extensas
nuvens brancas. Mais estava satisfeito por que era seu filho, e senti que ele
era meu pai. O que nos eternizava não eram os processos, mais nossa profunda
ligação, eu o seu aluno e ele o meu professor. Mais eu vi meu corpo. Senti-o me
desenhando"
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