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Parei
um pouco nesse momento, e comecei a refletir sobre o pensamento da arte no Brasil.
Quem são os artistas verdadeiros de nosso país? Pensava que fossem apenas os
pintores, os músicos, os atores de televisão, cantores famosos que agitam
grandes platéias. Voltei sobre isso, e comecei a entender a verdadeira arte. O
que é ser um artista?
A arte é um princípio de talento, que
cada um carrega dentro si. Escrevendo sobre ela, carrego dentro de mim o dom de
escrever. Cantando uma música, expresso em mim o afeto de minha alma mediante o
som. Na verdade ela está nas coisas simples, no cantar dos passarinhos, no
brilho do sol a clarear as montanhas. Está nos pingos de chuva que vão caindo
do céu, no brilho das estrelas na escuridão da noite.
Há quem diga que pessoas humildes não são
artistas. Que homens do mato, que carregam enxadas e machados, são ignorantes e
tolos. No meio do chão escaldante, seu suor escorre sobre o seu rosto. Logo
percebem que o resultado de sua arte, vem com a colheita dos grãos. Pessoas tão
pequenas, diante de tantas que se sentem grandes, esquecidas da sociedade capital.
Elas estão lá, executando a arte de cada dia. Aqui estão os verdadeiros
artistas, não aqueles que usam a política, e muito menos um campo de futebol.
Num ano como esse, começaram a surgir
muitos que se dizem artistas. Pessoas arrogantes que usam a voz para enganar
usam do poder para exercer uma arte falsa e não merecida. Querem fazer da bola
a arte da vez, da quadra o campo do mundo. Quem vai brilhar na verdade? Poucas
pessoas, e não muitas. As que gritam o gol são as que sofrem o gol. Querem
fazer da política uma forma de declarar que são artistas. Até que poderiam ser,
se não fossem tão soberbos e irritantes. Poucas palavras não conseguem
descrever os artistas do Brasil. Convido você a realizar comigo uma pequena
viagem de no mínimo cinco linhas e um pequeno parágrafo.
No meio do mato lá estão eles, o campo é a
roça, a bola é a enxada. Os que gritam o gol os passarinhos, a rede é a plantação.
Alegres contentes acordam pela manhã ao berro das vacas. É chegada a hora de
tirar o leite. Sem pressa, e na calma, não enfrentam o trânsito. Entram no
curral, e o café da manhã logo está servido. Pulando do meio do mato, do campo
sofrido, para o meio do povo, encontramos mais um personagem que merece a taça.
Professores entram no campo, para jogar o jogo mais vantajoso de todos os tempos.
A platéia começa a gritar, e como é difícil fazer gol, acertar a rede! Meninos
e meninas correm na escola, e logo em breve serão os próximos da vez. Deles que
pegam o ônibus todos os dias, outros que andam longas horas a pé, rasgando o
mato, para chegarem à escola. Não tem como não considerar todos esses
personagens os artistas, ou melhor, os verdadeiros de nosso país. Se não fossem
assim, jamais estaria exercendo o meu dom de escrever sobre eles. Encerro essa
parte com muito orgulho de cada um deles, pois merecem meu grito de torcida. Agricultores,
professores do mato, pessoas que alimentam o mundo. Vocês são os campeões desse
jogo. Pena que os verdadeiros artistas se escondem, artistas calados, pessoas
sem vez. Até quando ficaremos a mercê da sorte? As margens desse império, não
se ver, não se escuta nossa voz.
( pensamento do escritor Ismael Lopes
Coelho)
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