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Desde
infância, percebi que tinha um dom muito especial. Sempre gostava de apreciar
lindas músicas. Aquelas notas, cada uma representavam o alento para minha dor.
Sempre tive uma mente um pouco conturbada, às vezes passava momentos alegres,
outras vezes provava momentos mais tristes e frios. De uma coisa eu tinha
certeza, toda vez que escutasse o som de uma musica calma e serena, me parecia
que todas aquelas dores nunca mais iriam voltar. A musica começou modelar minha
cabeça, e mudou tudo em mim. Fui acometido por uma forte depressão, na minha adolescência,
que quase me retirou a vida.
Certo
dia estava triste de cabeça baixa, e mais uma vez uma voz respondeu dentro de mim:
“Farei de tuas mãos uma caneta de um destro escritor,
farei os teus ouvidos como um portal de encontro entre as notas e os sons.” Pensei
que estivesse enlouquecendo. No entanto percebi que aquela voz era familiar, e
que o som que soava dizia pra mim, e eu sabia que a musica entranhava dentro da
minha alma. Decide estudar a arte da música na sua essência, e me tornei um musico
profissional. Foi quando certa vez, recebi um presente de alguém. Era um
violão, ou melhor, meu primeiro violão que ganhei na vida. Peguei levemente
nele, e comecei a tocar. Não sei o que aconteceu comigo, mais toda vida que eu
tocava naquele violão, meu estado de espírito nunca era o mesmo. Algo me fazia
cantar uma canção, como se fosse infinita. Cantava pra mim mesmo. Isso durava
longas horas. Lembro-me de uma vez, quando peguei meu violão, e comecei a tocar
uma música que eu jamais havia ouvido na vida. Era mais ou menos assim:
O encontro
Diante do meu quarto
agora canto essa canção, sozinho apegado ao meu violão. O silêncio na cidade
não me deixa ver, o encontro das palavras dentro do meu ser. Na cidade escura e
fria, solitário eu andei... Dirrepente uma voz falava... Eu te encontrei, eu
sei que te encontrei... Agora na sua casa, ali mesmo eu posarei. Como um pássaro
de luz, desci ao teu encontro... Agora irei até você e mostrarei... Te
encontrar é me encontrar, te sentir é me sentir, teu chorar é meu chorar, e as
vezes no meu pranto eu sinto o teu falar... Quem poderia me abraçar com teu
abraço? Quem poderia te encontrar com meu encontro? Sou teu canto, sou o teu
som, a canção da tua voz, que me encontrou. Estou contigo, e sempre contigo
estarei, no silêncio ou na solidão, serei teu guia, serei tua verdade, serei
teu, tu serás meu, e eu serei o som eterno de teu violão.
Letras como essas desciam a todo o momento na
minha cabeça. E os meus dedos tocavam as notas sem que percebesse as horas
passar. É como se alguém tocasse comigo, cantasse comigo algo que nunca tinha fim.
Eu sei que aquilo não era eu, e sim alguém do Céu, um Deus poderoso que tocava
juntamente comigo no meu quarto. No entanto, apenas aquele violão guardava esse
segredo. Parece que o violão e a caneta juntavam-se para aliviar as sensações
depressivas que eu enfrentei na minha adolescência. Hoje eu sei que verdadeiramente
aquele velho violão tinha mesmo um segredo, igual aquele bilhete que o anjo
escreveu para mim que nunca mais o vi. O violão não desapareceu, mais as
palavras daquelas músicas nunca mais entraram em mim novamente. Violão velho e
cheio de poeira, bilhete desaparecido no baú que não existe mais, quanto
segredo deixei passar de graça na minha infância. Posso até não consegui mais
escrever aquele bilhete, nem cantar mais aquela canção, mais o violão velho e surrado,
Há... O violão misterioso ainda está guardado numa caixa em minha casa.
(Trecho do meu futuro
livro: “ O diário de um bipolar”)
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