terça-feira, 29 de abril de 2014

Um violão misterioso...




                                                                   primeiracoluna.blogspo...


       Desde infância, percebi que tinha um dom muito especial. Sempre gostava de apreciar lindas músicas. Aquelas notas, cada uma representavam o alento para minha dor. Sempre tive uma mente um pouco conturbada, às vezes passava momentos alegres, outras vezes provava momentos mais tristes e frios. De uma coisa eu tinha certeza, toda vez que escutasse o som de uma musica calma e serena, me parecia que todas aquelas dores nunca mais iriam voltar. A musica começou modelar minha cabeça, e mudou tudo em mim. Fui acometido por uma forte depressão, na minha adolescência, que quase me retirou a vida.
        Certo dia estava triste de cabeça baixa, e mais uma vez uma voz respondeu dentro de mim: “Farei de tuas mãos uma caneta de um destro escritor, farei os teus ouvidos como um portal de encontro entre as notas e os sons.” Pensei que estivesse enlouquecendo. No entanto percebi que aquela voz era familiar, e que o som que soava dizia pra mim, e eu sabia que a musica entranhava dentro da minha alma. Decide estudar a arte da música na sua essência, e me tornei um musico profissional. Foi quando certa vez, recebi um presente de alguém. Era um violão, ou melhor, meu primeiro violão que ganhei na vida. Peguei levemente nele, e comecei a tocar. Não sei o que aconteceu comigo, mais toda vida que eu tocava naquele violão, meu estado de espírito nunca era o mesmo. Algo me fazia cantar uma canção, como se fosse infinita. Cantava pra mim mesmo. Isso durava longas horas. Lembro-me de uma vez, quando peguei meu violão, e comecei a tocar uma música que eu jamais havia ouvido na vida. Era mais ou menos assim:
                                                O encontro          
     Diante do meu quarto agora canto essa canção, sozinho apegado ao meu violão. O silêncio na cidade não me deixa ver, o encontro das palavras dentro do meu ser. Na cidade escura e fria, solitário eu andei... Dirrepente uma voz falava... Eu te encontrei, eu sei que te encontrei... Agora na sua casa, ali mesmo eu posarei. Como um pássaro de luz, desci ao teu encontro... Agora irei até você e mostrarei... Te encontrar é me encontrar, te sentir é me sentir, teu chorar é meu chorar, e as vezes no meu pranto eu sinto o teu falar... Quem poderia me abraçar com teu abraço? Quem poderia te encontrar com meu encontro? Sou teu canto, sou o teu som, a canção da tua voz, que me encontrou. Estou contigo, e sempre contigo estarei, no silêncio ou na solidão, serei teu guia, serei tua verdade, serei teu, tu serás meu, e eu serei o som eterno de teu violão.
     Letras como essas desciam a todo o momento na minha cabeça. E os meus dedos tocavam as notas sem que percebesse as horas passar. É como se alguém tocasse comigo, cantasse comigo algo que nunca tinha fim. Eu sei que aquilo não era eu, e sim alguém do Céu, um Deus poderoso que tocava juntamente comigo no meu quarto. No entanto, apenas aquele violão guardava esse segredo. Parece que o violão e a caneta juntavam-se para aliviar as sensações depressivas que eu enfrentei na minha adolescência. Hoje eu sei que verdadeiramente aquele velho violão tinha mesmo um segredo, igual aquele bilhete que o anjo escreveu para mim que nunca mais o vi. O violão não desapareceu, mais as palavras daquelas músicas nunca mais entraram em mim novamente. Violão velho e cheio de poeira, bilhete desaparecido no baú que não existe mais, quanto segredo deixei passar de graça na minha infância. Posso até não consegui mais escrever aquele bilhete, nem cantar mais aquela canção, mais o violão velho e surrado, Há... O violão misterioso ainda está guardado numa caixa em minha casa.                                                               
 (Trecho do meu futuro livro: “ O diário de um bipolar”)

             

                                                          

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