quinta-feira, 22 de maio de 2014

Complexo de Inferioridade...

                                                                  

     Tempo feliz, meninos e meninas correndo de um lado para o outro, bola,peteca, pipa, pião, quanta brincadeira na infância.Esses momentos são raros, e talvez, os mais preciosos que existem na vida.Se eu classificasse o lado gostoso de viver, eu não diria que namorar é a melhor coisa do mundo, pelo contrário.Namorar é muito bom, ser adolescente faz o mundo girar de ponta cabeça.Mais na verdade eu digo, que não existe felicidade maior do que ser uma criança.Não existe tempo mais saboroso, tempos de infância que não voltam mais. Estive pensando sobre isso, e descobri que o valor da vida estão nesses momentos. Quantas vezes eu corria dentro do mato, caçando passarinhos e lambus.Tive uma infância como qualquer outra, inocente, natural, sem frescura. No meu tempo computadores e internet não faziam parte do meu cardápio.O melhor era as brincadeiras rurais, os passeios de bicicleta, as pescarias com meus primos.Vivia uma vida calma, tranquila, sem luxo e sem fantasia.Meu mundo era mais feliz. Totalmente desprovido da ciência de hoje, no meio dos caminhos de terra, nas estradas cercadas por caatingas e folhas secas do sertão, eu sorria empurrando minha bicicleta com muito orgulho e simplicidade.Eu era tão simples, que as vezes chegava ao extremo.Era uma criança normal em excesso, não me importava com sapatos e calças de marca, nem com os perfumes artificiais.Eu era mesmo feliz, só que aos poucos essa infância deslumbrante foi se transformando num mundo inquieto e profundo.
      Apesar de continuar no meu estilo rural, comecei a perceber que o mundo não era mais o mesmo.No lugar da velha bicicleta, meu primo já não queria mais conversa comigo.Pegava a moto de seu pai escondido, e saia todo se achando o cara da parada. Jamais queria empurrar uma bicicleta de novo. Eu como sempre fui pacato e tímido, calado eu ficava olhando aquele movimento, e as pessoas eram pra mim, cada vez mais diferentes do meu mundo. Foi quando surgiu o maldito complexo de inferioridade. Eu me sentia incapaz de tudo. Trancado no meu mundo pequeno, jamais tinha coragem de pegar uma moto emprestada, para poder pilotar e exibir os meus dotes diante das meninas.Naquela época não existia rede social, tabletes, pendrives, nada disso.Existia mesmo era muita moto circulando.O sítio já não era mais o mesmo.Visitar a casa da minha avó, era como se fosse assistir um show de motociclismo, e pessoas desfilando em pleno sertão, com seus carros de luxo.Procurei as crianças e não as encontrei mais. A única que continuava assim era eu, meninão imaturo, cheio de complexos com a vida e com a sociedade.
      Não pense que sempre gostei de aparecer, que isso não é verdade.Na sala de aula me escondia para não falar absolutamente nada, nem mesmo a palavra " presente professora". Meu mundo parecia ser mesmo matuto e sem graça, mais no fundo eu carregava um olhar que nenhuma criança tinha, eu observava lentamente o comportamento dos outros, e se esquecia do meu. Para mim existiam pessoas que eram maiores do que eu, não sabia o que elas representavam, mais elas sempre apareciam como melhores do que eu, lindas, inteligentes, capacitadas. O fato é que nenhuma delas dizia que eu tinha talento, nem mesmo me elogiava sobre alguma beleza minha, ou qualquer outra coisa que as chamasse a atenção. Apenas no meio religioso, eu tinha alguns dons espirituais diferentes, e que me destacava no meio de pregadores e profetas. Nessa parte, parecia nascer um novo mundo que eu não tinha.Pessoas se diziam meus amigos para ouvir das minhas palavras, alguma coisa especial. Eu era na verdade supervalorizado e não sabia. Muitos encontravam em mim um brilho, que nem mesmo eu conseguia sentir.Incomunicativo, dispensava todos os tipos de desafios que aparecessem na minha frente. Compras, negócios em bancos, recados, atender ligações, conversar em público, eu me sentia inferior aos outros. Esse complexo me prendeu em tantas oportunidades, que se hoje eu tivesse  identificado isso antes, teria aproveitado  todas ao meu alcance.
     Segui a complexa viagem do tempo com essa maldição.Se na minha infância foi um dos tempos mais deslumbrantes da minha vida, com certeza a minha adolescência foi a época mais terrível da minha existência.Medos, melancolias, pesadelos, visões, mistérios,preconceitos, tudo girava em torno de mim como um furacão. Eu não conseguia controlar as minhas emoções. No entanto aos poucos fui decifrando cada uma delas, controlando os meus medos, cancelando os meus pesadelos, e interpretando as minhas visões.Hoje já não sei se sou um adulto completamente livre desse mau, as vezes sinto seus pequenos sintomas se manifestando em mim. Porém quando a voz diz que não sou nada, deleto imediatamente a voz do fracasso, e falo firmemente: " Ninguém é melhor do que eu". Assim me sinto mais feliz, e acabo observando as pessoas não como maiores do que eu, mais como seres humanos imperfeitos, que carregam dentro de si, um pouquinho de complexidade. Não somos nada, queremos ser, mais acabamos descobrindo que de fato, cada um de nós demonstramos momentos de fraqueza e inferioridade.O importante é não perder a fé, e continuar sonhando, mesmo que a sociedade diga muitos "nãos" na nossa viagem.A todos os grandões tenho um simples recado: " São nas pequenas coisas que encontramos os segredo mais profundos, o encanto da vida.São nas pequenas flores que estão os melhores perfumes, nas minúsculas gotas de chuva que se enchem os rios e  oceanos.Parabéns as formigas, parabéns aos insetos, vocês são melhores do que certos doutores da lei."    

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